Ao entrar em Jaraguá do Sul, uma imagem que intriga e impressiona turistas. Localizada no Morro Boa Vista há 570 metros de altitude, uma pequena igreja está situada em uma das vistas mais exuberantes da cidade. A impressão ao percorrer um dos principais pontos turísticos é de estar se aproximando da região dos Alpes, no vale europeu.
Desde 2012, ano de sua inauguração, milhares de pessoas já visitaram o monumento. Somente em 2016, 20 mil pessoas de 26 estados do Brasil e de 26 países chegaram a visitar a Chiesetta Alpina. Entre estas idas e vindas de turistas e moradores até a região, será que todos sabem o que está por trás deste marco arquitetônico?
Logo na sua chegada, uma placa informando: ‘Chiasetta Alpina a 4km’. Ao avistar a igreja debaixo o destino parece ser rápido. A impressão é de que ela se encontra bem próxima, porém, a medida em que ciclistas, pedestres e motoristas avançam percebe-se que há um longo caminho pela frente. O tempo de duração até o alto da igrejinha leva quinze minutos de carro.Para os mais aventureiros o destino final, em média, dura uma hora.
O ambiente é bucólico e a subida é íngreme. Os visitantes precisam de preparo físico para encarar o percurso. No decorrer do trajeto as fachadas das casas simples dão o contraste com o verde da Mata Atlântica. Atualmente, o local está pavimentado. Foi investido R$ 975 mil para a pavimentação do trecho. O destino não termina no topo da igreja, o caminho ainda é longo para quem quiser se aventurar nas alturas. Pois, além, de uma vista de tirar o fôlego, é possível apreciar a queda de vôo livre durante a visita.
A construção da Igreja Cristo dos Alpes teve como principal objetivo homenagear os imigrantes europeus. A ideia partiu de um alpino radicado no Brasil, Franco Gentili, segundo a correspondente consular da Itália, Iria Tancon. “Comemoramos em 2011 e 2012, o ano da Itália no Brasil e também os 150 anos da Unificação Italiana. A nossa região ousou em marcar estas datas com esta significativa obra”, comentou. A sua construção foi dedicada também aos trinta anos da morte do papa sorriso João Paulo I.
De acordo com Iria, o projeto foi inspirado na igreja italiana Chiaiesetta Bellunese. Apesar disso, a igrejinha possui uma identidade própria. Cada detalhe criado foi pensado como uma forma de representar a dramática história da imigração europeia na região sul do Brasil.
Ao andar pelos arredores, os visitantes podem perceber estas características da região dos Alpes em cada detalhe de sua construção. Somente no contorno do jardim os pinheiros e bosques com árvores típicas da região alpina dão os primeiros sinais de lembranças da colonização italiana. “Procurei da melhor forma possível, introduzir e viabilizar as várias ideias que recebi das pessoas envolvidas na criação”, comentou o arquiteto João Barba Neto.
Para criar o projeto e se inspirar, Neto viajou em maio de 2010 aos Alpes italianos para conhecer a verdadeira obra. “Não havia meios nem motivos para reproduzir uma imagem tão singular da pequena igreja gótica. No entanto, alguns elementos foram importantes para conectar os dois mundos, tão distantes e tão ligados”, explicou o arquiteto.
Após sua ida ao exterior, o outro desafio do arquiteto foi colocar em prática um sonho que estava apenas no papel. O primeiro passo foi procurar uma localização para o monumento. A escolha do terreno foi uma pequena porção de terra plana por Dorval Spézia e Zenilde Maria Spézia para construção de uma casa, que não foi executada.
Eles fizeram uma doação de 20.00m2. A primeira conversa com os proprietários aconteceu no dia 30 de julho de 2010. Fazia frio e havia muita neblina naquela manhã nas montanhas do Boa Vista. Lugar perfeito para um monumento que remetesse as lembranças dos alpes europeus.
Depois de alguns anos de trabalho e esforço, o projeto que antes era um sonho, ganhava forma em cada parede erguida. “Eu me emocionei ao escutar o sino da Chiasetta batendo. Tenho certeza que todos que ouviram seu badalar também se emocionaram. Foi magnífico”, relembra o ex-prefeito Dieter Janssen.
No dia de sua inauguração, estavam presentes duas centenas de pessoas, dentre elas uma delegação de italianos da província de Belluno e autoridades locais. “Quando fui convidado para dar a bênção a uma igrejinha que representa a presença da imigração italiana, jamais pensei em me deparar com uma obra de arte”, destacou o Bispo Diocesano Dom José Negri.
Seis anos após a sua inauguração, o complexo está com as suas estruturas abaladas. Paredes rachadas e a pintura desgastada mostram que o monumento está precisando de uma restauração. “A nossa intenção é pintar todas as paredes internas com a história da imigração”, explicou a corresponde consular. Ainda, segundo ela, os próximos objetivos é fazer uma Via-Sacra. O sonho vem de um dos idealizadores da Chiasseta, o ex-Deputado Estadual (PSDB), Vicente Caropreso.
Há 167 km de Jaraguá do Sul um outro roteiro turístico é bastante conhecido pelos catarinenses. Habitada por 12 mil habitantes, a cidade de Nova Trento é nacionalmente conhecida por ser uma cidade religiosa. O local foi construído em homenagem à primeira santa brasileira.
Diferente de Jaraguá, que tem a tradição alemã muito forte, o município de Nova Trento mantém até hoje as raízes da cultura italiana. Fé, promessa, ou simplesmente o desejo de conhecer um pedaço da Itália em Nova Trento, o santuário é bastante procurado por fiéis católicos e devotos da Santa. Esse é o caso de Liane Zoz, a funcionária pública foi durante 12 anos na Santa para pagar um juramento por problemas de saúde na família.
Ao todo, há espaço para três mil pessoas dentro do Santuário. A cidade transformou-se no segundo turismo religioso do Brasil e chega a receber mais de 80 mil turistas por mês. Após pedir a benção da Santa, os fiéis podem apreciar os atrativos que o lugar proporciona aos arredores do complexo.
O ambiente é acolhedor e proporciona momentos incríveis para os fiéis. A sensação ao percorrer o local é de estar em uma cidadezinha no interior da Europa, principalmente pela arquitetura da igreja no centro do espaço.
Por: Leonardo Koch
Conteúdo produzido para o Primeira Pauta Digital | Disciplina Jornalismo Digital II
5º Fase | 2018