Crianças carentes ganham bibliotecas da Omunga Grife Social
Ajudar na capacitação de professores e transformar a educação de lugares carentes é a luta do Instituto Omunga
Texto: Gabriele Abatti
Conteúdo multimídia: Mateus Lino
Levar educação a todo o mundo com a construção de bibliotecas e capacitação de professores em regiões de extrema vulnerabilidade, são os principais objetivos do trabalho Omunga, de Joinville. O serviço tem a base no empreendimento de diversos produtos como camisas personalizadas, chamada: “Omunga Grife Social”. Dentro do Omunga, surgiram outros três projetos: “Escolas do Sertão” e “Livros para a África”.
São 4.000 crianças e 350 professores, entre brasileiros e africanos, impactados positivamente pelos dois projetos. E, em breve, o projeto Omunga na Amazônia somará mais 1.900 crianças e 200 professores beneficiados pela Omunga.
Na busca de fazer alguma diferença no âmbito social, Roberto Pascoal resolveu deixar a gestão de rádios em Santa Catarina e foi visitar alguns países mais vulneráveis do Brasil e do mundo, dentre eles a África, sertão do Piauí e Angola. Ao ver a extrema necessidade de ajuda às famílias mais carentes, resolveu empreender em um novo negócio solidário. Surgiu então, em 2013, o Omunga Grife Social.
Os projetos criados a partir da Grife, tem o objetivo de construir bibliotecas e realizar formações contínuas de professores. As cidades foram selecionadas conforme dados do Índices de Desenvolvimento Humano – IDH, Índice de Vulnerabilidade Social – IVS, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Após a seleção e as viagens que Roberto fez no sertão do Piauí e na Angola, foi criado os primeiros projetos: “Escolas do Sertão” e “Livros para a África”. As ações viabilizaram a construção de três bibliotecas, sendo duas no sertão do Piauí e uma em Luanda, capital de Angola, beneficiando 4 mil crianças e 350 professores.
O projeto Escolas do Sertão foi uma das maiores vendas de camisetas da Grife para arrecadar fundos e construir duas bibliotecas, uma em Betânia do Piauí e outra em Curral Novo do Piauí, em 2013. As bibliotecas foram entregues em dez meses, mas não foi o suficiente. Os professores começaram a pedir capacitações para melhorar os seus conhecimento e ensinamento a todos meninos e meninas. Com isso, os voluntários do Omunga iniciaram ciclos de formação de professores com foco na formação de leitores.
O professor deve trabalhar COM amor e não POR amor
A professora Ana Carlota (51) de São Paulo é um dos exemplos de grandes profissionais que participam do Omunga. Ana é Educadora e Psicóloga, e resolveu entrar nesse mundo do ensino, principalmente com pessoas carentes, para cumprir o seu propósito em vida.
“Cada vez que tenho a oportunidade de ir ao encontro de professores nos locais mais vulneráveis, sinto-me obrigada a utilizar todas as minhas potencialidades a fim de mobilizar pessoas do setor privado e público para as melhorias na Educação”, destaca a professora.
O Livros para a África veio um ano depois, em 2014, com o mesmo projeto realizado em Piauí, só que agora em Luanda, capital de Angola. Com diversas parcerias, a segunda coleção de camisetas foi lançada, e conseguiram finalizar a construção e colocar o trabalho em prática.
Em 2017 foi lançada uma nova identidade visual, juntamente com a terceira coleção de camisetas, chamada “Mude uma História”, para subsidiar os atuais e novos projetos. No mesmo ano deu início o Instituto Omunga, que possibilitou a entrada de ajudas mensais, e/ou pontuais e da Lei de Incentivo à Cultura.
Para aproximar os apoiadores das causas, foi criado o nome Omunga Clube, que mensalmente os doadores contribuem com os projetos e recebem em troca produtos e kits exclusivos.
Para aqueles que desejam apenas ajudar financeiramente, sem receber algum material em troca, foi criado o Omunga Doações. “É um projeto diferenciado, pois, além de não constar com ajuda governamental, vai justamente onde outras OnGs e governos não vão, levando livros para as crianças”, disse o doador do Omunga, Guilherme Almeida (41).
Todo trabalho é apresentado aos apoiadores, cada avanço, ação e investimento. Guilherme por exemplo, além de ajudar a instituição com custos financeiros, também apoia da divulgação das redes sociais e contatos em Brasília, caso precisem de ajuda ou auxílio na implementação de algum projeto. “Vale muito a pena contribuir com a causa. E sinto por não colocar efetivamente mãos à obra.”
Conheça mais sobre o Omunga Clube aqui.
Empresários de Joinville investem na ação para educação
O Juiz da Vara de Execuções Penais e Corregedor do Sistema Prisional de Joinville, João Marcos Buch, é um dos doadores da causa. “Eu acredito na causa que a Omunga faz, por isso que eu resolvi me engajar e assinei a Omunga Clube.”
O juiz contribui como pessoa física para o projeto, assim como Milena Moser, que amou tanto os trabalhos e hoje, é funcionária da Grife. “Saber que crianças totalmente desassistidas, hoje, estão tendo autonomia, liberdade e poder de escolha me faz acreditar em um futuro muito melhor”, declara a estagiária.
O site Dentro da História, feito para venda de livros infantis, está junto com a equipe. Arrecadam 0,5% do faturamento das vendas para a Omunga, sempre comunicando os compradores sobre esse percentual.
Além do instituto, o site já ajudou com doações para o Teleton, junto com a Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD e o SBT. “Percebemos que o trabalho que a Omunga faz deixa um legado positivo, tanto tangível quanto intangível”, declara Elson Júnior, coordenador de marketing do site.
Mas eles não querem somente ajudar com esse percentual, pois quanto mais assinantes tiverem na base, esse índice tende a aumentar e chegar até 1,5%. “É uma forma bem direta de comunicar que nosso compromisso com a educação e leitura não fica estacionado.”
Rafael Farias é empreendedor da empresa Marklii, e declara que vale a pena investir nesta causa. “As crianças são o futuro do Brasil e do mundo, precisamos de muito trabalho de modo a garantir que elas tenham um futuro digno e feliz de acordo com suas próprias aspirações”, declara o empresário. Conforme o apoiador, a educação é essencial e não é uma prioridade no país.