
Cultura asiática ganha força em Joinville e impulsiona comércio
De mercearia coreana a eventos japoneses e geek, cidade se abre para diversidade cultural e criatividade
A presença da cultura asiática em Joinville deixou de ser algo pontual. A abertura do K-Town Market, em agosto, trouxe para a cidade uma que se propõe a trazer uma pedaço da Coreia para a cidade catarinense. O espaço, fundado pelas irmãs Min Joo Oh e Joo, oferece ingredientes típicos, snacks importados e outros alimentos que remetem ao cotidiano sul-coreano.
Segundo Miriam, Min Joo como é conhecida, o objetivo era simples: atender a própria família e também o público joinvilense. “Sempre que precisava de algum ingrediente ou até mesmo snack e guloseimas, tinha dificuldade de conseguir por aqui”, conta.
Seja pelo interesse em K-pop ou dorama, o local tem sido um sucesso com um público diverso, que se mostra interessado em conhecer mais da cultura e de alguns pratos típicos do país. Ao falar sobre o engajamento da população, Miriam conta que sabia que existia esse interesse, porém de um ponto de vista geral dos brasileiros: “Não tínhamos noção de como seria em Joinville. Ficamos muito impressionados pelo tanto de gente interessada na Coreia e produtos orientais em geral. Estou muito contente por descobrir que tem muita gente que bota a mão na massa pra fazer a própria comida coreana”.
Ao ser questionada sobre uma ampliação no estabelecimento, a proprietária explica que ainda estão analisando a demanda dos produtos procurados, mas afirma que pretendem trazer vários itens relacionados à Coreia. “O sonho é grande”, finaliza.
Livraria geek amplia conexões culturais
A influência oriental se conecta à cena geek da cidade, que reúne fãs de quadrinhos, literatura fantástica, jogos e, principalmente, cosplay. Nesse cenário, a Amora Book Store, comandada por Amanda Delato, tornou-se conhecida por esse público. Mais do que uma livraria, o espaço se consolidou como ponto de convivência e palco de eventos culturais.
A lojista tem sido uma figura constante em eventos como a Feira do Livro e Matsuri, chegando a organizar um evento próprio da sua loja para os fãs da cultura geek, o Quintal da Amora, onde além de ofertar os mangás e novels da loja, ainda realiza algumas atividades como o desfile cosplay. Amanda conta que, ao organizar o primeiro evento, ficou surpresa com a quantidade de cosplayers que compareceram, alguns vindo de outras cidades e até de outros estados.
“Foi uma surpresa maravilhosa, e isso me incentivou a investir ainda mais na cena cosplay em Joinville. Hoje, temos desfiles e apresentações especiais, e até incluímos o desfile cosplay na Feira do Livro de Joinville”, relata Amanda, que se orgulha de ver o impacto positivo do evento na comunidade.
O palco dos cosplayers

O cosplay, prática de interpretar personagens de filmes, séries, animes ou games, ganhou protagonismo nos últimos anos em Joinville. Festivais como SuperXP, Hanamachi, Matsuri e Quintal da Amora atraem milhares de visitantes e consolidam a cidade como referência regional.
Karolina Galvão, cosplayer há nove anos, explica que o processo vai muito além de se vestir como um personagem, “É um negócio que você faz, que você interpreta, e que você entra em uma outra realidade. É uma onda muito louca, é muito gostoso. E é mágico ver as pessoas vindo falar com você, as crianças olhando admiradas, as senhoras vindo querer tirar foto contigo, porque achou a sua roupa bonita, elas nem sabem do que se trata, mas elas querem tirar foto. Isso é muito legal. Cosplay é mágico”
Ela destaca o impacto dos encontros na comunidade: “É onde nos sentimos acolhidos. Não importa idade, gênero ou aparência. Todos podem ser quem quiserem. É a inclusão e expressão artística que transformam vidas.”
Para Karolina, a cena cresceu e ficou mais profissional, apesar dos desafios. “Eu fiz meu primeiro cosplay com 18 anos, eu acho que hoje tá bem mais popular e talvez eu possa usar até a palavra profissional, porque a galera está investindo muito pesado em cosplay e fazendo coisas que fogem do real. Acho que essa cultura do cosplay, principalmente aqui em Joinville, ganhou bem mais espaço do que a gente tinha antes, porque existem muitos eventos agora que tão trazendo as competições de cosplay.”
Saídas para a taxação de produtos importados
As dificuldades com importações também mudaram o cenário. Com as taxações de itens importados, os itens necessários ficaram bem mais caros, dificultando o acesso a fantasias prontas, e é nesse ponto, que o lado artesão dessa cena começa a emergir. Muitos viram como solução fazer suas próprias roupas e acessórios, misturando costura e confecção de objetos, o que proporcionou a popularização dos “cosmakers”, que confeccionam e estilizam os itens usados, chamando mais atenção para a produção nacional. “Aquela cosmaker que costura cosplay, ela está ganhando muito cliente e encomenda, justamente porque ficou mais difícil pedir de fora”, comenta.
Mostrar essa arte também tem ficado mais acessível, com a quantidade de eventos em Joinville e região crescendo, possibilita aos cosplayers a participarem de competições e desfiles, além de trazer isso para um público maior. Nos últimos anos, isso tem sido destaque em eventos como Feira do Livro, SuperXP e o Sakura Matsuri.