
Museu de Joinville promove experiência imersiva
Uma Noite na Colônia leva o visitante a viajar no tempo para a década de 1850
Na última quarta-feira (24), o Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC), abriu as portas para os visitantes viajarem no tempo. Através de encenações, diálogos e muito bom humor, a apresentação “Uma Noite na Colônia”, mostra uma outra Joinville, sem todos prédios e ruas que conhecemos.
A iniciativa faz parte da 19° edição da Primavera dos Museus, com o tema “Museus e mudanças climáticas”. O objetivo é refletir como essas instituições são agentes ativos na documentação, pesquisa, educação e intervenção, e como essas práticas se conectam com a memória coletiva, à busca por justiça socioambiental e à potência criativa humana.
“Uma Noite na Colônia”, é dividida em quatro momentos e foi elaborada pelos próprios funcionários do MNIC. Pretendiam fugir do padrão convencional, fazendo algo diferente. “Queríamos dar uma experiência de levar as pessoas para o passado”, afirma Cristiano Abrantes, historiador da instituição.
Rubia Nascimento, monitora do museu, introduz os visitantes ao tema e a Casa de Joinville, ou em francês, a Maison de Joinville. Um lugar que já serviu de residência, não para o príncipe e princesa, mas sim a Frédéric Brüstlein, funcionário do casal. “Ele morou na Maison por mais de 40 anos, que também foi sede do Domínio Dona Francisca, empresa criada com CNPJ para vender e negociar as terras da colônia”, relata a monitora.
Em 1957, a Prefeitura Municipal de Joinville vez a aquisição da propriedade para instalar o Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC), mas só no ano de 1961 ele foi aberto ao público.


Fonte: Álbum fotográfico do Centenário de Joinville, de 1951, do acervo do Arquivo Histórico de Joinville
O tempo e o meio ambiente
O Agente do Tempo, um ser milenar, presenciou a história de toda a humanidade passar diante de seus olhos. Nessa encenação, o personagem traz os convidados a refletirem sobre o tempo e suas transformações, na natureza e nos seres humanos.
“O Tempo prega muitas peças, porque os mortais se apegam às coisas do passado e ficam lamentando o presente. O pior são aqueles que dão ouvido para a sórdida ansiedade, projetam um futuro e nem sabem o que vai acontecer lá, porque nós, imortais, também não sabemos”, declara o Agente do Tempo em alto tom aos expectadores.
Uma viagem ao passado
Imagine o Centro de Joinville sem nenhum prédio ou construções, com apenas umas trilhas e pouquíssimas casas, uma cena mais parecida com um pântano. Caminhando em direção a atual rua Itajaí, você acaba se deparando com um lago, e andando mais pouco, chega no bairro Anita Garibaldi. Onde é possível ver indígenas colhendo frutos de uma árvore. Essa era a visão de quem vivia na cidade em 1850, um pouco antes da chegada da Barca Colon.
Segundo uma análise de 2008 da Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC), no processo de crescimento do núcleo urbano, ocorreram ocupações urbanas inadequadas do ponto de vista do ambiente natural. Também é mencionada a existência de inundações em Joinville desde daquela época.
Mas na Maison isso nunca chegou a acontecer. “O museu é um espaço que não chega alagamento, porque já foi construído um sistema de drenagem há 150 anos. Quando alaga nas redondezas, ele está protegido. E nunca soubemos de nenhum evento em que tenha entrado água aqui” afirma Rubia.
Na pesquisa também há relatos como do imigrante Theodor Rodowicz-Oswiecimsky, militar prússio, que chegou em setembro de 1851. Nessa década, a temperatura do verão no seu auge não passava dos 26°C, já em janeiro de 2020, os termômetros marcaram 42°C.
É nesse cenário do sec. XIX, que vive o norueguês Osten e sua esposa Tereza, personagens fictícios que encantam os visitantes, e mostram como é sua noite na colônia Dona Francisca na casa enxaimel. Essa estrutura foi construída em 1905, no local onde atualmente fica o 62° Batalhão de Infantaria de Joinville (62° BI), mais tarde sendo realocada para os fundos do MNIC.
Dentro da casa os convidados entraram em 1850, os personagens interagiam fazendo referencias aos objetos expostos do acervo, e contanto seu dia a dia como país de 12 filhos. “Esse é meu quarto, o lava pés que a Tereza vai preparar, o baú que trouxe na viajem e aquele é o pinico para a gente se aliviar a noite” conta o personagem Osten.

