
Mulheres ganham espaço na ciência com Futuras Cientistas
Marcado por ser o mês da ciência, tecnologia e inovações, outubro inicia com as inscrições para o programa governamental “Futuras Cientistas”, que busca incentivar meninas estudantes do 2º ano do ensino médio e professoras de escolas públicas de todo o país com projetos científicos. O período de inscrições estará aberto até o dia 6 de outubro. Para mais informações, o edital está disponível no Gov.br.
Este ano, o Futuras Cientistas contará com 470 vagas, sendo 160 para alunas do 2° ano do ensino médio de escolas regulares, 160 para estudantes do mesmo período de escolas integrais e 150 para professoras de escolas públicas estaduais. O projeto será realizado no início de 2026 e cada participante receberá um auxílio financeiro de R$ 300, pago pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Futuras Cientistas tem como objetivo diminuir a evasão escolar feminina em cursos ocupados predominantemente por homens. Samara Campos, graduanda em Física Médica na Universidade de São Paulo (USP) e participante do projeto em 2024, conta sua experiência positiva após a conclusão do programa. “Tive muitas oportunidades depois da minha participação no projeto, principalmente na banca do Enem, a concorrer a alguns prêmios e a participar de outros projetos”, afirma Samara.
Outra estudante marcada pelo projeto foi Karla Lavínya Sousa, participante em 2025 e estudante do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Padre João Afonso, na cidade de Itamarandiba (MG). Karla enfatiza a importância do projeto em sua vida. “Conheci o projeto através da diretora da minha escola, que pediu para eu ler o edital e fazer a inscrição. Foi aí que me interessei.” A estudante participou do projeto “Ciência e tecnologia na UNIFEI: Lugar de menina é onde ela quiser”, onde teve aulas de mecânica, biologia e química.
A iniciativa de políticas públicas voltadas a mulheres na área STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) busca mudar o cenário de meninas e mulheres. O Futuras Cientistas teve sua primeira edição em 2012 e alcance nacional em 2022. Segundo o site do programa, 80% das participantes anteriores escolheram cursos na área científica e tecnológica.
Mulheres no setor STEM
Apesar das mudanças no ramo STEM, a participação feminina no setor ainda é reduzida. Segundo pesquisa da Unesco, as mulheres representam apenas 31% das ocupações em STEM no país. Camili Yamamoto, estudante de Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), conta sua dificuldade de integração no início da graduação. “Minha turma tem poucas meninas. Tive muita dificuldade no começo, pois o público é majoritariamente masculino”, afirma Yamamoto.
Camila Souza, engenheira civil pós-graduada em BIM pela PUC Minas e mestranda em Engenharia de Ciências Mecânicas pela UFSC, também relata os desafios de sua trajetória. “O principal obstáculo foi atuar em ambientes predominantemente masculinos, onde, por muitas vezes, precisei provar minha competência técnica constantemente”, relata Camila.
Já Joice Carini, engenheira geotécnica, recorda a dificuldade logo no início de sua carreira. “Quando ingressei no primeiro estágio, o dono da empresa tinha dúvidas se eu iria dar conta dos serviços, pois eu era mulher e tinha que acompanhar obras onde só trabalhavam homens.”
Esses relatos evidenciam que, embora haja avanços, ainda persiste uma realidade marcada por barreiras de gênero no setor STEM. Programas como o Futuras Cientistas tornam-se fundamentais não apenas para incentivar meninas e mulheres a ingressarem em áreas científicas e tecnológicas, mas também para garantir que tenham suporte e reconhecimento. Esse é um passo essencial para que mais mulheres possam ocupar espaços de liderança e protagonismo na ciência e na engenharia no Brasil.