Orelhada é um dos poucos veículos de jornalismo cultural em Joinville
Apaixonado por rock e qualquer tipo de artes, Rubens Herbst criou o Orelhada em 2008, dentro do blog A Notícia, com foco na área cultural catarinense. Após um ano, com o convite para fazer parte do jornal impresso, nasceu a coluna diária com o mesmo nome. A coluna existiu por oito anos, durante os quais Rubens se dedicou totalmente a conhecer e noticiar cada canto da produção artística joinvilense. Herbst aumentou o alcance de artistas que já eram conhecidos, fazendo com que ganhassem um público ainda maior.
Além disso, revelou grandes nomes da arte na cidade dando voz a artistas de diferentes latitudes – música, teatro, dança, cinema, literatura, quadrinhos, artes plásticas, grafite, performance, entre outros. Em meio a esse trabalho, o trabalho foi parar nos palcos da cidade com diversas edições de dois eventos: Noite Orelhada e Baile Elétrico do Orelhada. Os eventos deram holofote para que várias bandas do Estado pudessem mostrar seu trabalho.
Em meio ao crescimento da produção artística e, ao mesmo tempo, uma crise no setor, com cortes de verbas, decisões administrativas polêmicas e questionamentos quanto ao valor do artista e sua arte, a coluna diária teve fim em novembro de 2017. O cenário cultural perdeu espaço nas grandes mídias, não somente em Joinville, mas em todo o Estado. Além disso, os leitores e os artistas perderam uma fonte de informação, conhecimento sobre os movimentos artísticos e divulgação de seus trabalhos.
O ilustrador Humberto Soares enxerga que a maioria dos jornais está matando os espaços destinados para divulgação das artes. “É triste saber que cada dia mais há menos espaço para o jornalismo cultural”, desabafa. Rubens Herbst vê que ao acabar ou diminuir radicalmente com o espaço para a cultura, os jornais prestam um desserviço ao leitor e a sociedade no geral. “Suponho que eles achem que cultura e entretenimento não rendem leitura, não desperta interesse, não atrai anunciantes. Só posso lamentar”, conclui.
Na luta para não deixar de trabalhar com o que ama, Rubens criou, através do site Catarse, um financiamento colaborativo para que pudesse desenvolver seu próprio site. Por meio de eventos produzidos para ajudar a campanha e o financiamento, o projeto arrecadou mais de R$ 28 mil. O portal O Correio do Povo News resolveu abraçar a ideia, assim, o site Orelhada surgiu em março de 2018 dentro do portal.
Rubens valoriza a informação cultural, usa dinamismo para mostrar o caminho da arte ao seu público. No Orelhada, a cultura do Estado pode respirar e existir sendo reconhecida por um veículo jornalístico de grande importância.
Encontrando o reconhecimento
Sofrendo o descaso dos grandes jornais, os artistas precisam de um veículo que reconheça seu trabalho e mostre ao público que eles existem. Os espaços para o jornalismo cultural diminuem cada dia mais, fazendo com que a procura por um meio jornalístico que valorize a arte seja ainda maior. É isso o que o Orelhada traz para todo o Estado de Santa Catarina. Dando oportunidade para que o público conheça mais sobre a cultura.
Rubens usa o Orelhada para fomentar, divulgar trabalhos, além de ser um veículo com espaço para evidenciar o que é feito em Joinville e na região. Augusto Ginjo, vocalista e guitarrista da banda joinvilense Fevereiro da Silva, conta que, nos onze anos de existência da banda, Rubens esteve acompanhando o grupo em grande parte da trajetória e é de grande importância para a história do grupo. “Além de divulgar o nosso trabalho, seja lançamento de discos, músicas ou eventos, o Rubens sempre foi uma porta aberta entre o Fevereiro da Silva e a mídia”, conta.
Clarice Steil Siewert, atriz do grupo Dionisos Teatro, acredita que ao dar visibilidade às ações culturais, o Orelhada contribui para que as ações sejam mais efetivas e encontrem seu público. “O Rubens sempre divulgou nosso trabalho, assim como várias ações de artistas locais. Sempre ofereceu um panorama do que acontece na cidade, mesmo que não tenha cunho comercial”, avalia. A atriz diz que precisa de mais profissionais da imprensa comprometidos com seu trabalho para dar visibilidade ao que acontece.
Sendo cada vez mais raro encontrar editoriais de cultura nos grandes veículos jornalísticos, Rubens Herbst traz com o Orelhada um espaço para os artistas divulgarem seus trabalhos e encontrarem o reconhecimento merecido. Em um momento em que a cultura recebe descaso da mídia e do governo, Rubens faz seu trabalho com maestria ao criar uma ponte entre artista e o público. A existência desse espaço relembra a importância da resistência em tempos duros para a cultura.