Setor Cancelado: suspensão de eventos desafia profissionais
Para aqueles que trabalham no setor mais afetado pela pandemia, o cenário atual pede reinvenção para não ir à falência
O setor de eventos é um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Desde o início da quarentena, em março deste ano, as regras de isolamento social fizeram com que muitos profissionais da área ficassem sem trabalho. Com shows, festas e cerimônias sendo cancelados ou adiados, a maioria deles teve que pensar outras fontes de renda para conseguir pagar as contas.
Matheus Henrique Costa, conhecido como DJ Darassa nas festas, não teve o seu trabalho totalmente esquecido na pandemia. Mas para se adaptar à situação atual, ele teve que modificar por inteiro a sua rotina. Com a quarentena, Matheus fez algumas lives e sets (conjunto de sons e músicas tocadas pelo DJ). Mas isso não é o suficiente. “Um pouco antes da pandemia consegui um estágio na minha área de engenharia civil. Sou DJ, mas faço faculdade também, assim estou conseguindo me manter”, explica.
Mesmo que ainda consiga se manter financeiramente estável, ele sentiu no bolso a falta de trabalho com a proibição das festas e eventos onde costumava oferecer seus serviços. “Tive que renegociar o valor do aluguel onde morava e reduzir drasticamente as contas”, relata.
Já faz 13 anos que Maria Eduarda Vieira, mais conhecida como DJ Duda Vee, começou a trabalhar como DJ. Durante este período de quarentena, seu trabalho não está parado. Ela ainda produz algumas lives para terceiros e também dá aula em uma escola de DJs. As aulas são individuais ou em grupos de até quatro pessoas, sendo uma média de nove grupos semanais.
Mesmo assim a situação está difícil. Maria Eduarda está vendendo seus equipamentos de DJ. Ela pretende comprar outros quando os eventos voltarem à normalidade, mas nos primeiros trabalhos não terá equipamentos próprios. “Vou precisar tirar parte do cachê para alugar”, conclui.
Daisy Evaristo é fotógrafa, em uma situação normal ela produz 20% de seus trabalhos em estúdio e 80% em eventos. Durante este período, apenas os ensaios em estúdio são possíveis. Mas ela não está fazendo negócios com qualquer cliente, “somente alguns que já conheço e sei que estão se cuidando”, conta. Esta barreira serve para resguardar sua segurança, mas tem um preço. “Reduziu para quase zero (o número de ensaios), em julho fiz três atendimentos”, lamenta.
Um levantamento realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em abril deste ano, demonstra em números como está a situação deste setor. Segundo os dados divulgados, 98% da área foi afetada. O faturamento, em abril deste ano, comparado com o ano passado, caiu entre 76% e 100%. Neste momento, a inventividade dos profissionais da categoria é uma forte aliada para garantir alguma renda e evitar a falência.
Repórter: Roger Cardoso
Foto de capa: João Guilherme
Conteúdo produzido para o Primeira Pauta Digital | Disciplina Jornal Laboratório I, 4ª fase/2020.