Procura por dietas veganas aumenta no Brasil
Neste ano, cerca de 67% da população brasileira reduziu a procura por carne, segundo o Datafolha
O Brasil é um dos países que mais consome carne no mundo. Conforme uma pesquisa publicada pela Our World in Data (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o país está na 6ª posição dos países que mais consomem carne. Entretanto, desde o ano passado, com a pandemia e o aumento no preço da carne, boa parte dos brasileiros reduziram seu consumo. Outro fator que contribui com esse comportamento é o maior interesse em pautas ligadas ao veganismo.
O veganismo vai muito além de apenas não comer carne. Ele segue uma ideologia que extermina da rotina qualquer tipo de produto ou alimento que seja originado da exploração animal. Porém, a falta de disseminação de informações sobre o tema leva muitas pessoas a compreenderem o assunto de forma equivocada.
Uma dieta vegana é 100% vegetal, ou seja, todos os alimentos de origem animal, inclusive os laticínios, como queijo e leite, ou até mesmo ovos, frutos do mar e o mel são totalmente excluídos da alimentação.
Conforme uma pesquisa publicada pelo Datafolha em 2021, aproximadamente 67% da população brasileira reduziu a procura por carne animal no dia a dia. Em 2018, outra pesquisa realizada pelo Ibope apontou que aproximadamente 7% da população era vegana. Os dados também mostraram que 55% dos brasileiros comprariam produtos veganos se houvesse indicações nas embalagens.
Para Joyce Jaqueline de Souza, proprietária de um restaurante de culinária vegana, a dificuldade em ser vegano é um mito que se prolifera na sociedade. “Difícil mesmo é ser animal num mundo em que achamos normal explorá-los”, relata a empreendedora. Ela ainda observa que está cada vez mais fácil se adaptar ao movimento. “Os mercados já estão adotando shampoos, cremes, sabonetes, produtos de higiene pessoal e de casa que são veganos”, comenta.
O que pouca gente sabe é que, além da dieta, o veganismo é também prega a não violência contra os seres vivos. Isso significa que as pessoas adeptas ao movimento não utilizam produtos testados em animais ou roupas de marcas que fomentam o trabalho infantil, por exemplo.
Em abril deste ano, a campanha “Salve o Ralph”, publicada pelo canal do YouTube da Sociedade Humana dos Estados Unidos – organização sem fins lucrativos que visa o bem-estar animal – ganhou fama nas redes sociais. A animação ilustra, por meio do coelho Ralph, como marcas de cosméticos testam seus produtos em animais de forma cruel.
Apesar da repercussão, cerca de meio milhão de animais continuam sendo utilizados para testes de cosméticos por ano no mundo, segundo a organização Cruelty Free International. No Brasil, já existem métodos alternativos reconhecidos pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que podem ser utilizados.
Esses métodos podem substituir testes de avaliação de irritação ocular ou de pele, toxicidade aguda e absorção cutânea, que são os mais comuns e causam dor aos animais. Dois exemplos desses métodos são o in silico, que usa programas computacionais para simulação e o in vitro, que utiliza o cultivo de células, tecidos e órgãos fora do organismo para testes.
Qual a diferença entre veganismo e vegetarianismo?
A diferença de vegetarianismo e veganismo ainda não é muito conhecida na sociedade. O vegetarianismo faz parte da dieta vegana, mas isso não quer dizer que todo vegetariano é adepto ao movimento vegano. Atualmente, 14% da população brasileira se declara vegetariana, o equivalente a quase 30 milhões de pessoas, segundo pesquisa Ibope encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
Diferente das restrições do veganismo, os vegetarianos optam por parar de comer qualquer tipo de carne, mas não deixam de consumir proteínas e produtos de origem animal.
Marina Passos, que é vegana há um ano e três meses, comenta que atualmente existem várias influencers que se dizem veganas, mas misturam o veganismo com a apropriação de outras religiões minoritárias, e isso acaba banalizando todo o movimento. “As pessoas que ainda não conhecem o veganismo, ou as causas que o veganismo luta, acabam tendo uma visão de que é coisa pra gente rica e enjoada”, conclui.
A dieta vegetariana não se restringe apenas à carne. Veja outros tipos de dietas que excluem outros alimentos de origem animal: