A nova licitação para uma “nova” empresa administrar o transporte público de Joinville está aberta. Até este momento, nada demais, porém o que é solicitado pela prefeitura à nova empresa de ônibus é que seja pago a dívida à Transtusa e Gidion. Isto já é o suficiente para qualquer empresa repensar se vale a pena concorrer a esta licitação. Para o estudante, a prefeitura não tem interesse no benefício do projeto da meia-passagem, alegando que não há como custear o valor das passagens. Mas para entender por que o transporte coletivo passa por uma crise, é necessário resumir o que aconteceu para chegar neste ponto.
O primeiro contrato entre a prefeitura de Joinville e as empresas de transporte coletivo foi estabelecido em 1973. Em 1994, o Centro de Direitos Humanos de Joinville, liderado pelo mesmo personagem que reconheceu a dívida posteriormente, o político Carlito Merss, na época, entrou com uma Ação Civil Pública citando irregularidades no contrato. O motivo da dívida foram os anos de reajuste abaixo do que as empresas pediam baseado na planilha apresentada, essas diferenças foram se acumulando até que chegasse neste ponto onde nos encontramos.
Em 1998, o então prefeito Luiz Henrique da Silveira (MDB) promulgou leis que organizavam o sistema de transporte coletivo. Posteriormente, nos anos de 2005, 2006, 2008 e 2010, as empresas concessionárias moveram ações para buscar equilíbrio financeiro de supostos déficits. Em seus últimos dias como prefeito, Carlito Merss assinou o reconhecimento da dívida da prefeitura com as empresas que administram o transporte público de Joinvile, no valor de R$ 125.406.443,39.
Atualmente, a tarifa técnica do transporte coletivo é de aproximadamente R$ 6,26. No entanto, os joinvilenses pagam R$ 5,25 a antecipada e R$ 5,50 embarcada. Para cada passagem, a prefeitura custeia um reequilíbrio de aproximadamente R$ 1,01. Mensalmente, o investimento da gestão municipal para garantir o funcionamento do sistema é de, em média, R$ 2,1 milhões. Durante um ano, o custo total do sistema de transporte coletivo totaliza R$ 158 milhões. Contudo, se considerarmos apenas o valor do novo modelo de concessão, com todos os benefícios propostos pelo Sistema de Mobilidade de Joinville (Simob) nos quesitos mobilidade, infraestrutura, tecnologia e transparência, o custo do novo sistema alcançará R$ 186 milhões. Isso representa um aumento de R$ 27,8 milhões ao ano, equivalente a 17,5%. Logo, a tarifa técnica passaria a ser de R$ 7,36.
Entretanto, para a nova licitação, há uma determinação judicial para incluir a outorga no pagamento da dívida. Com isso, além de considerar o custo do Simob, é necessário prever o custo dessa outorga. Incluindo a outorga, o custo do sistema aumenta para R$ 217 milhões ao ano. Assim, o valor da tarifa técnica passa a ser de R$ 8,58. Em uma simulação do cenário atual, onde o valor da passagem é R$ 5,25, o reequilíbrio por parte da prefeitura, por passagem, passará a ser de R$ 3,33. Desta forma, o investimento mensal da prefeitura no transporte coletivo aumentará para aproximadamente R$ 7 milhões.