Papa Francisco eleva Diocese de Joinville à dignidade de Arquidiocese
Oficialização da elevação de dom Francisco Bach, de Joinville e dom Odelir José Magri, de Chapecó a arcebispos aconteceu no dia 5 de novembro.
No início do mês de novembro, a Diocese de Joinville fez o anúncio oficial da sua elevação à Arquidiocese pelo Papa Francisco. A partir de fevereiro de 2025, por meio de uma missa de instalação, dom Francisco Carlos Bach passa a ser Arcebispo Metropolita. Assim sendo, o Regional Sul IV, correspondente ao estado de Santa Catarina, que antes tinha apenas uma única Arquidiocese em Florianópolis, recebe duas novas províncias eclesiásticas: Joinville e Chapecó. A nova organização eclesial terá a Arquidiocese de Joinville com as dioceses sufragâneas de Blumenau e Rio do Sul, e a Arquidiocese de Chapecó com as dioceses sufragâneas de Caçador, Joaçaba e Lages. As demais dioceses de Criciúma e Tubarão seguem pertencendo à Metropolia de Florianópolis.
O título de Arquidiocese é um marco histórico de reconhecimento por parte da Santa Sé ao trabalho social e pastoral da Igreja Particular de Joinville, que vem se destacando ao longo do tempo por meio do serviço prestado à comunidade civil e aos fiéis. O título de arcebispo metropolita a dom Francisco Carlos Bach não significa dispor de poder sobre as suas dioceses sufragâneas, mas sim à entreajuda pastoral entre elas.
“Vamos trabalhar juntos pelo bem do povo deste território das três dioceses. Eu vou mandar em Blumenau e em Rio do Sul? Não, quem manda lá são os seus bispos, mas é minha responsabilidade procurar meios organizacionais para que a gente possa estar mais juntos e mais unidos, continuando com a nossa função de bispo e arcebispo que é evangelizar e ajudar as pessoas a conhecer e a amar Jesus Cristo”.
Dom Francisco Carlos Bach, arcebispo metropolitano de Joinvile
O próprio Papa Francisco enfatiza que a missão de um arcebispo não é de domínio ou autoridade isolada, mas de “serviço humilde”, inspirado no exemplo de Jesus e na tradição apostólica de Pedro e Paulo.
História da diocese
A província metropolitana de Florianópolis, que surgiu no desmembramento da Arquidiocese de Curitiba, foi criada no dia 17 de janeiro de 1927, mesmo dia em que o papa Pio XI criou as dioceses de Joinville e Lages. A criação de uma nova província eclesiástica, que agrupa um conjunto de Igrejas Particulares geograficamente próximas, tem o objetivo de favorecer relações mútuas entre as autoridades que as governam e promover a ação pastoral comum entre as diversas dioceses que a integram. O padre Eduardo da Costa, vigário judicial da diocese de Joinville enfatiza a importância da cidade: “No direito canônico da Igreja, uma diocese é elevada à Arquidiocese devido à sua importância geográfica, histórica e cultural. É evidente para todos nós que Joinville não é somente a maior cidade, quando comparada a Blumenau e a Rio do Sul, mas também a maior do estado de Santa Catarina”.
A escolha de uma diocese para instalar uma nova província eclesiástica é um processo formal e administrativo que envolve várias etapas. Em preparação para o centenário da Diocese de Joinville, o vigário geral, padre Adenir José Ronchi destaca: “Há muito tempo nós esperávamos por esse momento”. Geralmente, o processo inicia com a identificação de uma necessidade pastoral das dioceses próximas da futura província e então é feito o pedido para a criação da Arquidiocese.
No dia 13 de setembro de 2022, o Dicastério dos Bispos e a Secretaria de Estado da Santa Sé recebeu a solicitação por parte da diocese de Joinville. Esse pedido deve incluir justificativas detalhadas como a quantidade de fiéis, número de paróquias e a importância de uma nova organização para facilitar o atendimento pastoral. Uma província eclesiástica só pode ser erigida, modificada ou suprimida pela autoridade suprema da Igreja Católica Apostólica Romana, o papa. Esse modelo de organização foi inspirado na divisão administrativa do Império Romano, sendo adotado pela Igreja de modo oficial a partir do Concílio de Niceia ,em 325 d.C. Atualmente, no Brasil existem 48 províncias eclesiásticas, contando com Chapecó e Joinville.
Importância da elevação para dioceses próximas
A proximidade geográfica com a Arquidiocese de Joinville facilita a comunicação e a articulação entre as dioceses sufragâneas. Aspectos administrativos e pastorais, como encontros, formações e projetos conjuntos, agora podem ser realizados com maior agilidade e eficiência. Segundo o padre Gabriel Natan, da Diocese de Blumenau, a elevação representa um marco histórico importante para a Igreja em Santa Catarina, pois contribui para uma maior unidade na missão evangelizadora da região, fortalecendo as ações conjuntas e promovendo um intercâmbio de experiências. “Visualizamos maior integração em áreas como formação do clero, ações sociais e evangelização. A Diocese de Blumenau está comprometida em colaborar para que essa aproximação resulte em um crescimento espiritual e missionário para todo o povo de Deus. Estamos confiantes de que, juntos, poderemos viver com renovado entusiasmo a missão de evangelizar e servir às nossas comunidades.”
As dioceses de Joinville e Rio do Sul já gozam de um espírito de comunhão desde a sua fundação, pois o primeiro bispo, dom Tito Buss e o atual bispo, dom Adalberto Donadelli Júnior, são provenientes da atual arquidiocese. Segundo o coordenador diocesano de Pastoral da Diocese de Rio do Sul, padre Arnaldo Allein, apesar das distâncias entre a Arquidiocese de Florianópolis e a nova Arquidiocese de Joinville serem as mesmas partindo de Rio do Sul, um grupo menor de dioceses formando uma província eclesiástica corrobora com facilidade para encontros interdiocesanos provinciais, além de um perfil pastoral mais próximo entre as três dioceses desta mesma província. “Trabalhos como o Tribunal Eclesiástico, a Formação dos Seminaristas, assessorias e tantas outras possibilidades podem enriquecer nossa diocese que é tão pequena comparada com as demais. Acredito que na criação das novas províncias, o papa Francisco fortalece o espírito de sinodalidade”.
Todo processo de elevação de uma diocese à arquidiocese carrega uma responsabilidade. Apesar de o povo fiel – os chamados leigos – sentir poucas mudanças na prática da devoção do dia a dia, no quesito administrativo há uma grande mudança. A responsabilidade maior para uma arquidiocese é pensar e agir a partir das necessidades de evangelização de vários municípios, o que inclui várias realidades, devoções e culturas.
Segundo Gabriel Borges, historiador e membro da equipe de coordenação do Setor Juvenil da Arquidiocese de Joinville, a dignidade da elevação é um reconhecimento de um trabalho de quase um século. “Ainda, olhando para o Regional Sul IV, não se trata apenas de Joinville, pois a Diocese de Chapecó também foi elevada e teve atualizada a sua província eclesiástica. Ou seja, isso vai possibilitar uma melhora significativa dos trabalhos, pois, de uma única província eclesiástica para 10 dioceses, agora são três. Somam-se forças e ideias, compactam os trabalhos e o resultado dessa equação é, sem dúvidas, uma grande melhora na qualidade de evangelização do nosso estado, o regional Sul IV”, compartilha o historiador.