
Televisão brasileira celebra 75 anos com resgate da luta livre, do Telecatch ao streaming da Netflix
Em 2025, Brasil celebra os 75 anos da televisão, e junto dessa história ressurge uma memória que marcou gerações, o Telecatch Montilla
Exibido a partir dos anos 1960, o programa foi um dos primeiros fenômenos de massa do país, misturando luta livre, espetáculo e narrativa, em uma época em que nomes como Ted Boy Marino eram tão reconhecidos quanto Pelé e Roberto Carlos.
O telecatch se transformou em um clássico da TV brasileira, reunindo famílias em frente à tela e popularizando um formato que unia esporte, dramaturgia e performance. Décadas depois, a modalidade parecia esquecida, restrita a nichos e à memória nostálgica dos fãs. Mas o cenário mudou, a luta livre voltou a ocupar espaço no Brasil, agora em uma arena muito diferente no Brasil, o streaming.
A nova geração
Com transmissões pela Netflix, a WWE alcançou novos públicos, sobretudo jovens que não viveram a era de ouro da TV aberta. A plataforma trouxe o gênero para a lógica das maratonas, do engajamento online e do consumo sob demanda, abrindo espaço também para novas ligas nacionais que começam a se profissionalizar.
“Nos anos 60 e 70, o telecatch era tão popular que Ted Boy Marino aparecia em revistas lado a lado com Pelé e Roberto Carlos, com a manchete dizendo que eram os reis do brasil”, lembra Rodrigo Soares, produtor de transmissões esportivas e fã do estilo há mais de 15 anos. Para ele, o segredo está no gosto brasileiro por narrativa, “O público ama novela, drama e boas histórias. A luta livre oferece isso, e a chegada à Netflix já ajudou muito a reaproximar as pessoas desse universo”.
Além do streaming, redes sociais como YouTube, TikTok e Instagram têm cumprido papel central na redescoberta da modalidade, com cortes de lutas, comentários de fãs e conteúdos que misturam humor, análise e nostalgia. Esse movimento cria novas audiências e fortalece comunidades que se conectam pela paixão ao espetáculo.
O jornalista Fred Romano Franco, também fã da WWE, aponta a importância da acessibilidade: “É positivo que a luta livre esteja novamente em um espaço relevante. Claro que não é como na época do SBT, mas já ajuda a formar novos fãs”. Ele reconhece, no entanto, que persiste o discurso de que se trata de uma “luta falsa”: “Isso sempre vai existir, até nos Estados Unidos. Mas os fãs sabem da proposta e não precisam se preocupar”.
A luta livre, portanto, retorna ao Brasil em nova roupagem. Se antes era um símbolo da televisão nascente, hoje simboliza a transformação do entretenimento esportivo em tempos digitais, conectado, global e participativo. Aos 75 anos da TV, o telecatch encontra no streaming uma nova vida, e, com ela, a chance de conquistar novas gerações.