
Escola de surfe une educação ambiental e esporte em Itapoá
Iniciativa aposta no surfe para formar nova geração com consciência ambiental e valores de cidadania
No litoral de Santa Catarina, em Itapoá, se iniciou uma iniciativa que une esporte, educação e preservação ambiental. O projeto Surfe Evolução tem como objetivo, segundo os organizadores, incentivar o esporte, melhorar o desempenho acadêmico e promover valores como disciplina, respeito e consciência ambiental.
Para participar, os alunos precisam estar matriculados em escola da rede pública e apresentar bom desempenho nas notas, reforçando a integração entre escola e esporte. “Queremos que o surfe seja uma ferramenta de aprendizado e motivação, não apenas lazer”, explica Marlon Kuboski, professor de surf que acompanha as turmas na água e fora dela. “A gente ensina várias coisas legais, treinamento de salvar a vida, sabe? Também aqui na água, treinamento deles, pra eles poderem ficar preparados pro campeonato, pra vida.”
A estrutura do projeto inclui sede próxima à praia, vestiários, pranchas, roupas de neoprene e equipamentos para análise técnica. Os instrutores são capacitados em salvamento aquático, garantindo segurança durante as aulas. Além da prática esportiva, o projeto também busca desenvolver habilidades socioemocionais, como trabalho em equipe, paciência e autoconfiança.
Alunos e pais já notam mudanças significativas. Maria Giovanna Bendlin Frugis, 19 anos, aluna da escolinha há dois meses, conta: “Eu comecei a ter mais mobilidade. No surf ainda não senti tanto, porque não consigo vir a todos os treinos na água, mas aqui no treino do tatami está sendo sensacional. Vou começar um curso de guarda-vidas, e mesmo assim vou continuar vindo nos treinos do Tatami”.

Conexão com o meio ambiente
O projeto da Associação Itapoense de Surfe (AIS) se conecta à atuação da Associação de Proteção da Reserva do Mangue da Barra do Saí (Apremai), que nasceu em meados de 1998 a partir da união de moradores da região. A associação surgiu com a intenção de oferecer à comunidade local e a turistas não apenas incentivo à conservação do meio ambiente, mas também educação ambiental, promovendo mutirões de limpeza, ações de coleta seletiva e atividades de conscientização sobre a preservação do ecossistema local.
Dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre 2000 e 2020, o Brasil perdeu 204 hectares de manguezais nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Santa Catarina. Nesse período, o município de Araquari, vizinho a Itapoá, registrou a perda de 4 hectares de mangue em 2020, reforçando a urgência de iniciativas que aproximem a comunidade da preservação ambiental.
“O coração de Itapoá, a Barra do Saí, abriga um ecossistema vital que enfrenta ameaças constantes. A criança que aprende a surfar e, ao mesmo tempo, entende a importância de cuidar do manguezal, cresce com valores que vão além do esporte”, afirma Carlos José Sentone, idealizador da Apremai.
Perspectivas
O projeto prevê competições internas, cursos de capacitação para treinadores e juízes, além da possibilidade de revelar novos talentos para campeonatos regionais e estaduais. A iniciativa também fortalece o turismo sustentável e a valorização do litoral norte catarinense.
Para a comunidade, ações como essa representam mais do que esporte: são oportunidades de desenvolvimento social e ambiental. Ao unir mar, escola e meio ambiente, Itapoá mostra que pequenas iniciativas podem ter impacto duradouro na formação de cidadãos conscientes.