
Moradores aguardam solução para escuridão em Joinville
Joinville vive um contraste evidente na gestão da iluminação pública. Enquanto a Prefeitura formaliza o contrato de Parceria Público-Privada (PPP) para modernizar a rede, moradores de diversos bairros continuam enfrentando a demora para a manutenção.
Na Rua Márcio Luckow, bairro Vila Nova, Andrey Cortina Brezinski relata que uma lâmpada está queimada há mais de cinco meses, e apesar de ter registrado uma reclamação, ele afirma que nada foi feito. A situação vai além da visibilidade. O morador conta ainda sobre a falta de segurança, ao afirmar que “já houve momentos em que recebi visitas que não se sentiram seguras de manter o carro estacionado ou de ficarem muito tempo na calçada ‘desprotegidas’.”
Em outro ponto da cidade, na Rua João Severino Mateus, bairro João Costa, Fernando Daniel Eggert Werner lida com o mesmo problema há aproximadamente dois anos. “Provoca uma certa insegurança. Tanto para nós aqui da rua, quanto para quem precisa passar por ela”, conta Fernando. Diante do anúncio da PPP, o sentimento comum entre os entrevistados é de expectativa. “Um sentimento de esperança e uma espera de promessas cumpridas”, resume Andrey.
Problema de longa data
O contrato com o consórcio foi firmado neste ano, mas os problemas são registrados há algum tempo. O colunista da NSC Total, Jefferson Saavedra, traça a origem do acúmulo de postes apagados a partir de outubro de 2020, quando o antigo contrato amplo, que incluía modernização, ampliação e manutenção, se encerrou, sem prorrogação legal, ainda no governo de Udo Döhler.
Com a nova gestão, um contrato emergencial focado apenas na manutenção foi firmado para tentar retomar o serviço, mas não foi suficiente para resolver. “Ficou muitos postes queimados, muitas lâmpadas queimadas e criou um déficit, um passivo a ser resolvido. Tanto é que nos últimos dois anos, uma das principais queixas na Ouvidoria de Joinville, se for ver, é de lâmpada queimada”, explica Saavedra.
O que diz a Prefeitura?
A Prefeitura de Joinville reconhece as falhas, mas garante que o trabalho de manutenção é contínuo, com oito equipes em operação, e atribui a demora, em alguns casos, a fatores como vandalismo, furto de fiação (que exige intervenção prévia da Celesc) e condições climáticas que impedem o trabalho seguro em rede elétrica durante chuvas.
A administração municipal ainda informou que Joinville tem cerca de 63 mil luminárias, onde atendeu 6.067 solicitações de manutenção entre agosto e setembro, e que o índice de falhas na rede foi reduzido de 4,49%, em março, para 3,61% atualmente.
O Executivo projeta que a gestão por telemetria, prometida na PPP, resultará em mais agilidade e evolução tecnológica para o cidadão:
“Com a PPP, a iluminação pública deve ter ainda mais evolução tecnológica, uma vez que com a modernização do sistema, a rede poderá ser monitorada automaticamente. Atualmente, além do registro dos moradores, os técnicos também vistoriam manualmente as áreas para identificar falhas no sistema.”
Prefeitura de Joinville
A forma de pagamento também incentiva o desempenho, pois o repasse mensal da Prefeitura terá uma parte variável conforme a performance do consórcio, levando em conta o tempo de conserto e o índice de falhas.
A parceria, de 20 anos, foi firmada com o Consórcio QLUX em um leilão que resultou em um deságio de 30% sobre o valor, totalizando R$350 milhões, e prevê a instalação de, pelo menos, 10 mil novos pontos de iluminação na cidade, além da substituição das lâmpadas atuais por tecnologia LED, o que deve reduzir a necessidade de manutenções e aumentar a luminosidade das vias. O valor arrecadado pela COSIP custeará todo o sistema, e a Prefeitura garante que a PPP não resultará em taxas extras para o contribuinte.
Apesar do contrato ter sido assinado recentemente, a Prefeitura alerta que a população precisará de paciência, pois a expectativa da Secretaria de Infraestrutura Urbana é que a concessão inicie sua operação plena somente em 2026, após a elaboração de planos, formação de estoque e treinamento de equipes. Até lá, a empresa atual segue responsável pela manutenção.