Cresce o número de casos de autismo: como detectar e tratar
Em pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o CDC, 1 em cada 59 crianças possuem autismo. A proporção das pessoas que desenvolvem o transtorno é cada vez maior. Então, como identificar, lidar com indivíduos que têm o distúrbio e auxiliá-los para o desenvolvimento social? Conheça o relato de uma mãe com filho autista, dicas e alguns dados para entender melhor as formas de abordagem ao tema.
Gráfico de prevalência de autismo nos últimos 14 anos:
O autismo possui três diferentes graus. Sendo eles: baixa, média, alta funcionalidade e, ainda, uma categoria denominada savant. Na primeira, a criança praticamente não interage, vive repetindo movimentos e apresenta atraso mental. A situação provavelmente vai exigir tratamento pela vida toda. No segundo grau repete-se movimentos e existe dificuldade na comunicação. Na alta funcionalidade, os empecilhos são mais leves, assim o portador do transtorno pode trabalhar e estudar com mais facilidade. A categoria Savant indica que o portador tem déficits psicológicos, mesmo com uma mente brilhante e talentos específicos.
Existem também fatores que podem influenciar no quadro de autismo da criança. Por exemplo, o sexo masculino têm maior probabilidade de desenvolver o transtorno. Também existe a predisposição genética, poluição e infecções na gravidez, como a rubéola. Como não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo, os médicos seguem uma série de critérios estabelecidos pela Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, feita pela Organização Mundial da Saúde (OSM).
A fonoaudióloga Patrícia Taranto, que é professora da Faculdade Ielusc e coordenadora da Clínica Escola de Fonoaudiologia, alega que crianças sem o transtorno conseguem desenvolver melhor a fala que as autistas. Por este motivo, geralmente, pais com filhos que possuem autismo devem buscar a fonoaudiologia como primeiro recurso. “A comunicação é muito mais ampla do que apenas a oral”, afirma a especialista ao falar sobre as formas que os pais podem entender e até mesmo criarem uma linguagem com seu filho.
Os sinais são:
- Quando o bebê ou criança evita contato visual com a mãe, inclusive na amamentação.
- Apatia
- Ansiedade
- Movimentos repetitivos e pendulares de tronco, braços e pernas
- Inquietação exagerada
- Surdez aparente (a criança não atende os chamados)
A descoberta e a convivência:
A zeladora Angela Maria de Oliveira, 59, descobriu a pouco tempo que seu filho Lucas, 18, tem autismo. Após o diagnóstico de hiperatividade e a prescrição de medicamentos errados do médico responsável, Lucas desenvolveu bipolaridade e depressão. Para ajudar em seu desenvolvimento social, Angela buscou uma atividade física para seu filho e encontrou o ciclismo. Além disso, buscou o tratamento correto para cuidar dele. “Ele se excluía de tudo e tinha muitas crises, mas o tratamento correto fez toda a diferença, facilitando o convívio e o melhor entendimento de seu comportamento”, descreve a mãe.
Para entender mais sobre o transtorno espectro autista (TEA), aqui estão alguns dados sobre o assunto:
- A diferença de gênero no autismo diminuiu. Em 2012, os meninos eram 4,5 vezes mais diagnosticados que as meninas. Enquanto que, atualmente, os meninos são quatro vezes mais propensos a serem diagnosticados do que as meninas (1 em 37 contra 1 em 151). Isso parece refletir um melhor diagnóstico de autismo em meninas.
- Nos EUA, as crianças brancas ainda eram mais propensas a serem diagnosticadas com autismo do que as crianças de minorias (negras e pardas). No entanto, a diferença étnica despencou desde 2012, particularmente entre crianças negras e brancas. Isso parece refletir uma maior conscientização e triagem em comunidades minoritárias. Assim a prevalência estimada entre crianças brancas (17,2 por mil) foi 7% maior que entre crianças negras (16,0 por 1.000) e 22% maior que as crianças hispânicas (14,0 por mil).
- Com isso, em 2014, a maioria das crianças ainda estavam sendo diagnosticada após os quatro anos de idade, embora o autismo possa ser diagnosticado (ou ao menos levantar-se a suspeita e iniciar o tratamento) já aos dois anos de idade.
O tratamento:
Não existe cura para o autismo, remédios para lidar com ele só são recomendados na presença de agressividade ou outras doenças paralelas como, por exemplo, a depressão. O tratamento deve ser englobando por fonoaudiologos, médicos, físioterapeutas, psicólogos e pedagogos. Tudo isso busca incentivar o indivíduo a realizar tarefas do cotidiano. Claro, sempre de acordo com o grau de dificuldade de cada criança. Quando as intervenções são feitas precocemente, há boas chances de melhoras nos sinais do autismo. “A fonoaudiologia ajuda principalmente no desenvolvimento da fala e linguagem da criança, por isso o primeiro profissional, em geral, deve ser o fonoaudiólogo”, argumenta Taranto.
Em Joinville existem dois centros universitários que trabalham com autistas no aspecto da linguagem, um deles se encontra na faculdade Guilherme Guimbala (ACE) e o outro na Faculdade Ielusc. Além disso, a cidade conta com o Núcleo de Assistência Integrada ao Paciente Especial (NAIPE) e a Associação de Amigos do Autista (AMA). Todas as formas de apoio aos pais e pacientes são de forma gratuita e por isso conta com fila de espera.
Para finalizar, aqui estão algumas dicas de como agir com um autista:
Conteúdo produzido para o Primeira Pauta Digital. | Disciplina Jornalismo Digital ll, 5ª Fase / 2019
Reportagem: Vítor Gabriel de Mira e Vinicius Pietschmann