UM ANO DEPOIS DA QUEDA
O que se sabe, um ano depois do desabamento da calçada no centro de Joinville na noite de abertura do natal da cidade
por Beatriz Da Silva De Sa Dias
Sabemos que o desabamento de uma calçada em Joinville, deixou mais de 30 pessoas feridas durante um evento de Natal do ano passado. Cerca de 22 adultos e 11 crianças tiveram atendimento durante o ocorrido e foram encaminhadas para os hospitais mais próximos. Mas, será que após um ano do desabamento, todas as vítimas foram realmente pagas pelos danos sofridos? O que, afinal, foi definitivo para causar o desabamento da calçada em Joinville durante a abertura do Natal Cultural. E o que já se sabe depois desse ocorrido? E as vítimas como estão?
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O que já se sabe?
Após o acidente, o local foi interditado e passou por perícia. Conforme reafirmou o delegado Fábio Baja, responsável pela investigação, o laudo apontou que uma viga construída na década de 1970 girou e, com isso, a laje e a calçada que estavam em cima caíram derrubando as pessoas no rio Cachoeira.
O acidente aconteceu no ponto de ligação entre as galerias antigas do Rio Mathias e as obras de implantação das comportas, que fazem parte do projeto de Macrodrenagem. Uma vistoria prévia na parte de baixo da galeria mostrou isso. O relatório final da comissão especial na Câmara de Vereadores que apurou o caso, o inquérito, que foi concluído em 7 de janeiro, constou que não houve indiciamentos ou responsabilização de órgãos públicos.
A Secretaria de Infraestrutura Urbana de Joinville concluiu as obras de reconstrução da calçada no mês de Julho. O trânsito da região, que tinha sido desviado durante o andamento das obras, foi restabelecido. Segundo o Secretário de Infraestrutura Urbana de Joinville, Jorge Sá, “A Seinfra estava preparada para execução das obras e dependia apenas da liberação judicial para iniciá-las. Foi possível realizar os trabalhos com rigor técnico e antes do prazo, permitindo a liberação da avenida”, disse o Secretário.
As Vítimas
Um ano depois do acidente algumas vítimas ainda guardam as marcas dessa noite que jamais será esquecida. Além dos ferimentos físicos, o acidente deixou marcas psicológicas. Como é o caso do empresário Marken Jeff, 36, uma das vítimas, que relembra esse momento angustiante, “Tudo o que eu queria naquela noite era deixar a minha filha feliz, ela estava animada em ver o papai noel. E saímos dessa noite com uma marca de pavor, mas também de agradecimento por estarmos todos bem.” Jeff conta que a filha, ainda hoje, se lembra daquela noite com semblante assustado no rosto. E relata como a filha está atualmente após um ano. “Minha filha acabou de completar seis anos, ela me pede que convide o papai Noel para fazer uma visita aqui em casa esse ano, porque ela não quer ir ver ele lá fora, ela tem medo de se machucar de novo.”
Para o psicólogo André Leonardo, é essencial que as vítimas, principalmente as crianças, passem por acompanhamento psicológico. “As crianças foram expostas a uma cena traumática, pois elas caíram junto com pessoas que estavam ali para cuidar e proteger. E todo mundo que estava assistindo o evento confiou que aquele local era um lugar seguro, e de repente não foi.” Leonardo enfatiza que para as crianças o cenário é mais delicado, porque as crianças estão em fase de desenvolvimento, e por isso captam tudo do ambiente e das pessoas, e isso pode desencadear algum tipo de transtorno e medo, relacionado com as circunstâncias do acidente.
A professora Juliane Grotti, 28, que estava acompanhada de seu marido e filho de três anos de idade naquela noite, relata que passou por acompanhamento psicológico, custeado pela Prefeitura. “A gente recebeu esse tipo de assistência psicológica no começo do ano só. E foi muito importante, até porque as coisas ainda estavam muito vivas na nossa mente, ainda estávamos em choque pelo acontecimento.” Ela menciona que o filho ficou muito assustado com tudo e chorava muito, e que depois ele tentava contar sobre o que tinha acontecido do jeito dele, mas que hoje ele já está bem e seguro para aproveitar o natal deste ano em casa com os pais. “Foi um susto muito grande, fiquei bem assustada. Tento não ir em lugares com uma grande quantidade de pessoas para não correr um risco como esse de novo,” concluiu a professora.
As Indenizações
Os valores destinados a cada uma das vítimas foram definidos com base na gravidade das lesões sofridas. Para danos leves, o valor estipulado foi de R$ 4 mil, majorado em duas vezes na comprovação de danos graves, ou seja, R$ 8 mil.
Os primeiros processos indenizatórios para as vítimas do acidente foram homologados em junho deste ano e mais de 13 pessoas já fecharam acordo com a Justiça. Juliane e outras pessoas que estavam com ela naquela noite e também foram vítimas do acidente, já receberam as indenizações prometidas pela Prefeitura de Joinville.
A Prefeitura de Joinville informou por meio do Secretário de Comunicação, Thiago Boeing, que todos os valores decorrentes dos processos indenizatórios que beneficiaram vítimas do acidente do Natal de 2021 foram pagos. O valor da soma das 40 indenizações é de R$ 202.229,44. Nos dias que sucederam o acidente, equipes das secretarias da Saúde e de Assistência Social fizeram o acompanhamento domiciliar de todas as vítimas identificadas.
Para a abertura do Natal deste ano, a Prefeitura de Joinville preparou um esquema de segurança envolvendo cerca de 200 profissionais incluindo Bombeiros Voluntários, Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Agentes de Trânsito, Defesa Civil e Grupo de Resgate em Montanha. Grades de segurança formaram um corredor ao redor do Rio Cachoeira para ampliar a segurança do público.