Crise de saúde mental atinge 1 bilhão de pessoas no mundo
Instituído em 1992, Dia Mundial da Saúde Mental foca na educação e no enfrentamento a preconceitos
Calcula-se que quase 1 bilhão de pessoas sejam portadoras de transtornos mentais em todo o mundo. No Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 12 milhões de pessoas sofrem de depressão, sendo a maior taxa da América Latina. No entanto, grande parte dos pacientes não tem acesso ao tratamento adequado e a programas de acolhimento, o que pode levar ao agravamento do quadro.
De acordo com a psicóloga Rafaela Dallagnol, alguns fatores implicam a dificuldade de acesso das pessoas a centros de atenção psicossociais. “Barreiras socioeconômicas, como a falta de recursos financeiros ou de serviços públicos suficientes. Além de preconceito, que faz com que muitas pessoas não busquem ajuda por medo de julgamentos, ou de acharem que é ‘coisa de louco’ e, claro, falta de informação, que leva muitos a não reconhecerem a importância de cuidar de si”.
A saúde mental ainda é um tabu para muitos. O professor de História Mateus Bassi alerta que, com a chegada da modernidade, novas formas de pensar surgiram e com elas a “loucura” foi vista como um problema no qual a pessoa se desliga do mundo:
René Descartes diz que, o homem existe porque pensa. Portanto, quem não pensa, não existe. Como exemplo, pessoas portadoras de esquizofrenia, as quais não conseguem lidar com a própria realidade e, assim, não eram tratadas como seres humanos”.
Mateus Bassi, professor de História
De acordo com a psicóloga, o estado de saúde mental consiste no equilíbrio emocional e psicológico, no qual a pessoa é capaz de lidar com os desafios do dia a dia, manter boas relações sociais e aprender com as emoções. Ela não é apenas a ausência de transtornos mentais, mas o bem-estar integral da mente. Apenas 5%, 10,4 milhões dos mais de 217 milhões de brasileiros fazem terapia, porém, aquelas que a fazem, sentem diferença no cotidiano.
O estagiário e universitário Luiz Anacleto conta que sente uma grande mudança desde o dia em que começou a terapia. “Uma das grandes diferenças é a minha autoconfiança e também a habilidade de conseguir analisar de fora algumas situações que eu não conseguia analisar antes”, diz. O estudante começou as consultas após crises de ansiedade, estresse e também depressão: “Comecei a perceber que algumas coisas não estavam dando certo na minha cabeça e, sozinho, eu não ia conseguir ter uma vida, ‘normal’. Então, procurei ajuda e foi esse o start”.
Rafaela Dallagnol ainda dá sugestões para melhorar o bem estar mental: “Busque o autoconhecimento, a terapia pode ajudar. Tente entender seus sentimentos, comportamentos e pensamentos. Práticas como a psicoterapia e meditação podem ajudar. É importante entender seus limites, dizer ‘não’ quando necessário e priorizar seu bem-estar”.
O dia 10 de outubro serve como uma marca para se dar a importância necessária a si mesmo e a mente, é necessário cuidar de si, em pequenas ações de autocuidado e cada vez mais dar visibilidade à saúde mental, pois sem ela o ser humano não vive. Não hesite em procurar ajuda e conversar com aquelas que confia, ou com um profissional.
CVV
O Centro de Valorização da Vida (CVV), de Joinville, faz atendimentos via telefone 24 horas por dia. Caso precise, entre em contato pelo número (47) 3422-0800