
Nova sede do Pequeno Cotolengo chega a Joinville
O Pequeno Cotolengo, obra social voltada ao acolhimento de pessoas com deficiência, em situação de abandono ou vulnerabilidade, tem sua inauguração com uma missa campal presidida pelo Arcebispo Dom Francisco Carlos neste domingo, dia 17, às 10h. Com origem na Itália e presença no Brasil, o projeto chega à cidade com foco inicial no atendimento de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), oferecendo terapias multiprofissionais, acolhimento e acompanhamento contínuo.
A obra é ligada à congregação Orionita, uma instituição religiosa católica fundada por São Luís Orione, e teve início após um terremoto na Itália em 1908, onde mais de 30.000 pessoas ficaram desabrigadas. O religioso acolhia as pessoas necessitadas na própria casa ou nos porões da igreja. Ela se fortalece em 1913, com a Primeira Guerra Mundial, quando Orione no campo de batalha recolhia os soldados mutilados ou feridos e deles cuidava.
Atualmente, a obra é voltada para atendimentos de pessoas com deficiência mental e física que não têm condições financeiras de realizar um tratamento. Aqui no Brasil tem mais de 30 sedes espalhadas nos estados de Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Brasília e Ceará. Além da sede em Moçambique, também é administrada pelo Brasil.
“Todas as pessoas que residem ou que recebem o tratamento do Pequeno Cotolengo tem o objetivo de recuperar a sua vida, a sua saúde, a sua autoestima, dando a eles a dignidade de que realmente precisam”, diz Padre Renaldo Lopes, Presidente do Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo do Paraná.
O nome “Pequeno Cotolengo” é uma homenagem a São José Benedito Cotolengo, um padre italiano que fundou uma instituição para acolher pobres, doentes e marginalizados em Turim, na Itália, em 1830. Orione admirava muito o trabalho desse santo e quis homenageá-lo ao nomear sua obra com o mesmo nome, mas com o prefixo “Pequeno” para indicar humildade diante do legado de São José Benedito Cotolengo.



Impacto para a cidade
“Em Joinville, especificamente, nós estamos vindo trabalhar com autistas no primeiro momento, devido ao grande número de casos que existem na cidade e pela falta de opções de tratamento”, relata Padre Renaldo. A previsão é que, após a fase inicial, a unidade amplie gradualmente o atendimento para outros tipos de deficiência física e intelectual, com possibilidade de oferecer também acolhimento permanente, seguindo o modelo do Paraná.
O TEA é um transtorno neurológico, que interfere na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento. O termo “espectro” remete aos diferentes graus, leves e graves, envolvendo situação e apresentação diferentes. Como o autismo não tem cura, quanto mais cedo se começa o tratamento, melhores são os resultados apresentados.
Segundo o censo do IBGE 2022, Joinville conta com 8617 pessoas com TEA, esse número pode ser maior pela falta de estudos aprofundados e pela dificuldade de diagnóstico em alguns casos. De acordo com a prefeitura, na rede municipal tem 1044 autistas matriculados e apenas 30% deles não fazem acompanhamento.
Para os adultos essa situação é diferente. Na cidade existem quatro instituições dedicadas ao tratamento do TEA: NAIPE (Núcleo de Atenção Integral à Pessoa com Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro Autista), AMA (Associação de Amigos do Autista de Joinville), AACCA (Associação de Amparo e Celebração à Criança Autista) e Espaço Júnior Autismo. Apenas o NAIPE faz atendimento também a adultos.
A chegada do Pequeno Cotolengo complementa essa rede, podendo ampliar a oferta de atendimentos para adultos autistas, faixa etária que enfrenta maior dificuldade para conseguir tratamento especializado. Em média serão 126 pessoas atendidas, com capacidade de expansão conforme a estrutura e a equipe forem consolidadas.


Expectativas para a inauguração
“Me emociono ao ver a área, que antes era mato se transformando em um espaço incrível”, conta Maria Carvalho, caseira do Pequeno Cotolengo há quatro anos. Maria acompanhou todo o processo de construção da obra aqui em Joinville. “É um orgulho ser escolhida para ver todos que essa obra vai tocar.”
A paróquia Nossa Senhora do Caravaggio, comunidade religiosa de responsabilidade da congregação, vive a expectativa de ter uma obra social como o Pequeno Cotolengo. Desde a chegada dos Orionitas, o projeto foi sendo amadurecido até a sua efetivação. Nos últimos tempos, com a implantação da obra, a partir do próximo dia 17, toda a paróquia através das suas comunidades, pastorais e movimentos tem se envolvido, desde os preparativos da parte religiosa quanto social.
“Os fiéis têm contribuído de diversas formas, segundo as condições e possibilidades de cada um: seja com doações e promoções, trabalhos voluntários, e sobretudo com apoio espiritual através de orações”, diz Padre Luiz Antônio Miotelli, pároco da paróquia.
O Pequeno Cotolengo do Paraná será um “espelho” para o de Joinville. Somente no Paraná são atendidas cerca de 220 pessoas permanentes e há 68 leitos de transição. A instituição se mantém através de doações e através de convênios com os órgãos públicos como prefeitura, estado e governo federal. Porém, a maior parcela, cerca de 70%, da manutenção se dá através de doação da comunidade da sociedade civil.
A missa inaugural será aberta para o público em geral. E irá acontecer no próprio espaço do Pequeno Cotolengo Joinvilense, localizado na Estrada do Barbante, 733 – Morro do Meio – Joinville/SC. Apesar da missa ser a inauguração oficial da obra, o começo dos atendimentos não tem previsão de data, pois depende da finalização da equipe técnica e da adequação de espaços internos para os serviços previstos.
Para contribuir com a obra entre em contato pelo telefone (47) 99254-2350 ou pelo Instagram @cotolengojoinville. As doações podem ser em dinheiro, alimentos não perecíveis, materiais de limpeza, itens de higiene ou tempo voluntário para as atividades.