Enchentes na zona sul de Joinville motiva novo debate público sobre drenagem
Evento discute licenciamento ambiental e impactos de projeto de macrodrenagem que pretende reduzir enchentes na zona sul de Joinville
A Prefeitura de Joinville realizou, na noite de terça-feira (8), uma audiência pública para apresentação dos estudos de impacto ambiental do projeto de macro e microdrenagem da bacia do rio Itaum-Açu, na região sul da cidade. O encontro ocorreu no auditório da Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável e faz parte do processo de licenciamento ambiental prévio do empreendimento.
O engenheiro ambiental Bruno Costanzo, mestre e doutor em avaliação de impactos ambientais, responsável pelo estudo, destacou que o processo de avaliação é longo e envolve diversas etapas.
“É importante para quem mora nesse território entender o projeto e manifestar suas preocupações, porque tudo que a gente está passando é um exercício de melhoria para que no futuro, o projeto seja o melhor possível para todos”, afirmou Costanzo.
Durante a apresentação, o engenheiro explicou que foram analisadas cinco alternativas de projeto para melhorar a vazão da bacia. A opção escolhida, chamada de alternativa A, propõe a remodelação do leito dos rios com perfis retangulares de concreto armado, buscando agilidade de execução, menor custo e redução dos impactos ambientais.

A engenheira civil Silvia Reolon, diretora da Unidade de Coordenação de Projetos da Secretaria de Administração e Planejamento, explicou que o estudo foi protocolado no Instituto do Meio Ambiente (IMA) em 2021, após o período de pandemia, e que esta audiência faz parte do rito legal do licenciamento.
“Estamos na fase de licenciamento ambiental. Esta audiência não trata da execução das obras, mas de apresentar os estudos e ouvir a comunidade”, destacou Reolon.
O engenheiro Rafael Ribeiro lembrou que, após o período de consulta pública, o órgão ambiental faz um relatório conclusivo e decide sobre a concessão da licença prévia.
“A audiência é uma etapa obrigatória para empreendimentos de grande impacto. Depois da apresentação e do registro das contribuições, o IMA emite ou não a licença ambiental”, explicou Ribeiro.
O coordenador-geral do projeto executivo, engenheiro Lio Ming, informou que o Consórcio Nova Engevix e Azimute Engenharia é o responsável pela revisão do anteprojeto e pelo detalhamento das etapas de macrodrenagem, microdrenagem e pavimentação.
“Esta é uma audiência de licenciamento prévio, que antecede a fase de instalação do empreendimento”, afirmou Ming.
O estudo de impacto ambiental prevê 26 impactos identificados e 19 programas de mitigação e monitoramento, incluindo ações de controle de ruído, recomposição vegetal e comunicação social. A bacia do Itaú-Açu é uma das maiores e mais adensadas de Joinville, e sofre influência tanto fluvial quanto de maré, o que contribui para os alagamentos recorrentes.
Moradores da região aproveitaram o espaço para relatar as dificuldades enfrentadas com as enchentes.

A analista ambiental Vânia Morotomi, que mora próximo ao rio, contou que a rua onde vive fica alagada com frequência e já perdeu bens pessoais nas últimas inundações.
“No último ano inundou duas vezes, subiu na altura do meu joelho dentro de casa. A rua inteira ficou debaixo d’água. Muita gente perdeu tudo”, disse Morotomi.
O motorista Gabriel Perez, morador há cinco anos no bairro, relatou que o acúmulo de lixo e vegetação nas margens do rio agrava o problema. “Na ponte da Rua Suburbana alaga tudo. Isso desvaloriza as casas. Estou tentando vender a minha há dois anos e ninguém quer comprar quando sabe que ela alaga”, contou Perez.
A audiência encerrou com o compromisso de que as observações registradas pela comunidade serão encaminhadas ao Instituto do Meio Ambiente, responsável pela análise final para emissão da licença prévia.